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As Disfunções Temporomandibulares (DTM) são um grupo variado de distúrbios psico-fisiológicos
e músculo-esqueléticos do Sistema Estomatognático, pelo que a sua abordagem deverá
ser mais abrangente do que a simples avaliação e tratamento da oclusão/mordida/
ortodontia.
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As DTM são frequentes. Afetam mais as mulheres, entre os 20 e os 40 anos de idade e, frequentemente, reduzem de intensidade com o avançar da idade. Estima-se que cerca de
30% da população irá apresentar, em alguma fase da vida, sinais e sintomas de DTM, embora
apenas 1/3 destes necessite de tratamento.
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Existem 4 grupos de agentes causais que podem estar na base das DTM: trauma, fatores
anatómicos, patofisiológicos e psicossociais. Os fatores genéticos têm sido mais recentemente
estudados e podem influenciar a suscetibilidade individual para o surgimento de
sinais e sintomas.
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Os fatores psicossociais são relevantes iniciadores e perpetuadores das DTM; estes envolvem aspetos que comprometem a estabilidade emocional, sintomatologia ansiogena e depressiva,
personalidade e estilo de vida pouco saudáveis, o stress, fracas redes sociais de
suporte, sociabilidade, aspetos laborais e económicos precários ou litigiosos.
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A hiperatividade muscular, associada ao bruxismo, pode provocar sobrecarga muscular e articular, podendo precipitar, perpetuar ou agravar a DTM.
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O diagnóstico das DTM é feito com base na história clínica, no relato das queixas do paciente,
num cuidadoso exame físico (muscular e articular) e, apenas quando necessário, exames
complementares de diagnóstico.
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Não existe suporte científico ou clínico para efetuar o diagnóstico com recurso a aparelhos eletrónicos de avaliação da postura corporal (plataformas posturais), de avaliação da
oclusão ou movimento condilar, ou qualquer tipo de teste ocular!!
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O tratamento deve ser conservador pois as DTM têm um percurso maioritariamente benigno e autolimitado no tempo. A grande maioria dos pacientes tem a sua sintomatologia
controlada através do aconselhamento e autogestão, pela utilização de goteiras oclusais,
fisioterapia e medicação.
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As técnicas invasivas e cirúrgicas devem ser criteriosamente ponderadas, tendo indicação
apenas para aqueles casos que não respondem às técnicas mais conservadoras, ou em situações
de indicação primária, como fraturas ou malformações específicas.
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Os autocuidados têm um papel essencial no paciente com DTM, capacitando-o para a gestão do stresse e ansiedade, a higiene do sono e exercícios de controlo da dor.